terça-feira, janeiro 09, 2007

Apocalypto

Ontem resolvi ir ver o novo filme de Mel Gibson: "Apocalypto". Fiz-me acompanhar pelo meu amigo e colega de trabalho P. S..

A estória é relativamente simples. Tendo por cenário a civilização Maia, este filme conta-nos a existência idílica de um homem (Jaguar Paw - Garra de Jaguar) e da sua tribo. Num dado momento, a tribo é brutalmente dominada por uma força invasiva. Este evento marca o início de uma jornada perigosa, que os conduz a um mundo governado pelo medo e pela opressão. Aí seriam sacrificados com o intuito de apaziguarem a ira divina. Por um acaso do destino - e guiado pelo amor que o une à sua família - Garra de Jaguar consegue fugir e tenta voltar para junto da sua mulher e do seu filho. Nesta viagem de regresso, o herói sofre uma transformação interior, que o impele a tentar reencontrar o paraíso perdido.

Considero Mel Gibson um bom realizador de cinema. Podem acusá-lo de fazer filmes violentos, o que não deixa de ser verdade, mas todos eles têm uma qualidade inquestionável: Braveheart, A Paixão de Cristo e Apocalypto.

A favor de Apocalypto temos: a prodigiosa fotografia, a montagem carregada de adrenalina, o desempenho dos actores (muitos deles nunca tinham entrado num filme), a caracterização dos personagens, o guarda-roupa, os diálogos em Yucatec (Maia) e o ambiente do filme. Tudo se conjuga para tornar a estória bastante credível.

Falando em desempenho dos actores, tenho de nomear a interpretação da pequena Maria Isidra Hoil, com apenas sete anos, no papel de Oracle Girl - a Menina do Oráculo. A sua interpretação resume-se a três intensos minutos, onde os seus movimentos, a sua expressão e o seu discurso transmitem toda a emoção que apenas uma grande actriz consegue transmitir.

Sobre ela, escrevem isto: "... vive na pequena aldeia Maia de Campamento em Quintana Roo, Yucatan, e fala apenas a língua Maia. A sua vivência aquando da audição para Apocalypto foi um abrir de olhos para a menina de sete anos de idade. Ela nunca tinha visto um carro, um avião, nunca tinha comido arroz, ou dormido num hotel, ou visto um chão que não fosse coberto de terra. Maria nunca participou em nenhum filme e esta é a sua primeira representação".

Contra Apocalypto: não existe nada verdadeiramente contra. Existem alguns erros desculpáveis: um fenómeno astronómico que costuma demorar horas a demorar alguns segundos no filme e um coração que, embora arrancado com as mãos, mostra cortes cirúrgicos nas veias e artérias. Este último ponto leva-me a dizer que o filme não é excessivamente violento. Está, provavelmente, ao nível de Braveheart, no que toca a violência.

Sem dúvida, um filme a não perder.

2 comentários:

Filipe Silva disse...

A partir do Nation Geographic News (como eu já te tinham mencionado mas sem uma fonte deste calibre :-):

"In terms of historical accuracy, the arrival of the Spaniards is a problem in itself, right?

The movie ends with the Spaniards coming [which didn't happen in Mexico until long after the Classic Maya collapse]. So basically we're looking at a 400-year difference in architectural style and history.

The movie is mixing two vastly different time periods. This Classic form of kingship ended around 900 A.D. "

http://news.nationalgeographic.com/news/2006/12/061208-apocalypto-mel.html

Vítor Carvalho disse...

No início dessa notícia, pode ler-se: "Mel Gibson says Apocalypto, his new movie set during the collapse of the Maya Empire, should not be seen as a historical document". De facto, deve tratar-se este filme como uma obra de ficção. A acuidade histórica pode ser posta em causa. A crítica explora este ponto porque, sinceramente, no resto, não há muito por onde se pegue. :)

Audiolivro - Poemas de Luiz Vaz de Camões (Português Europeu - Portugal)

Seleção pessoal de 22 poemas de Luiz Vaz de Camões (Luís Vaz de Camões na grafia moderna). Luiz Vaz de Camões (1524-1580) é o grande poeta d...