A estória é relativamente simples. Tendo por cenário a civilização Maia, este filme conta-nos a existência idílica de um homem (Jaguar Paw - Garra de Jaguar) e da sua tribo. Num dado momento, a tribo é brutalmente dominada por uma força invasiva. Este evento marca o início de uma jornada perigosa, que os conduz a um mundo governado pelo medo e pela opressão. Aí seriam sacrificados com o intuito de apaziguarem a ira divina. Por um acaso do destino - e guiado pelo amor que o une à sua família - Garra de Jaguar consegue fugir e tenta voltar para junto da sua mulher e do seu filho. Nesta viagem de regresso, o herói sofre uma transformação interior, que o impele a tentar reencontrar o paraíso perdido.
Considero Mel Gibson um bom realizador de cinema. Podem acusá-lo de fazer filmes violentos, o que não deixa de ser verdade, mas todos eles têm uma qualidade inquestionável: Braveheart, A Paixão de Cristo e Apocalypto.
A favor de Apocalypto temos: a prodigiosa fotografia, a montagem carregada de adrenalina, o desempenho dos actores (muitos deles nunca tinham entrado num filme), a caracterização dos personagens, o guarda-roupa, os diálogos em Yucatec (Maia) e o ambiente do filme. Tudo se conjuga para tornar a estória bastante credível.
Falando em desempenho dos actores, tenho de nomear a interpretação da pequena Maria Isidra Hoil, com apenas sete anos, no papel de Oracle Girl - a Menina do Oráculo. A sua interpretação resume-se a três intensos minutos, onde os seus movimentos, a sua expressão e o seu discurso transmitem toda a emoção que apenas uma grande actriz consegue transmitir.

Contra Apocalypto: não existe nada verdadeiramente contra. Existem alguns erros desculpáveis: um fenómeno astronómico que costuma demorar horas a demorar alguns segundos no filme e um coração que, embora arrancado com as mãos, mostra cortes cirúrgicos nas veias e artérias. Este último ponto leva-me a dizer que o filme não é excessivamente violento. Está, provavelmente, ao nível de Braveheart, no que toca a violência.
Sem dúvida, um filme a não perder.
2 comentários:
A partir do Nation Geographic News (como eu já te tinham mencionado mas sem uma fonte deste calibre :-):
"In terms of historical accuracy, the arrival of the Spaniards is a problem in itself, right?
The movie ends with the Spaniards coming [which didn't happen in Mexico until long after the Classic Maya collapse]. So basically we're looking at a 400-year difference in architectural style and history.
The movie is mixing two vastly different time periods. This Classic form of kingship ended around 900 A.D. "
http://news.nationalgeographic.com/news/2006/12/061208-apocalypto-mel.html
No início dessa notícia, pode ler-se: "Mel Gibson says Apocalypto, his new movie set during the collapse of the Maya Empire, should not be seen as a historical document". De facto, deve tratar-se este filme como uma obra de ficção. A acuidade histórica pode ser posta em causa. A crítica explora este ponto porque, sinceramente, no resto, não há muito por onde se pegue. :)
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