terça-feira, junho 27, 2006

Sinal da Cruz... a 100 à hora (e outros ritos Eucarísticos)

Sou uma pessoa observadora... e não se se considere isso um defeito ou uma virtude. Penso até que daria um bom monge contemplativo... pelo menos quando não tivesse mais nada para fazer.

Este fim-de-semana fui assistir (como é meu hábito) à Eucaristia Dominical e, como cheguei um pouco mais cedo do que o costume, entreti-me a reparar no que as pessoas fazem quando chegam à igreja. Benzem-se e/ou fazem o sinal da cruz a uma velocidade impressionante! Por vezes chegam a reduzir a amplitude de movimentos para optimizar a duração do ritual, pelo que as cruzes mais parecem círculos com 5 cm de diâmetro. E pressa para quê? Bem sei que vivemos numa sociedade fast! Mas um templo deve ser um local alheio às pressas do mundo exterior!

Uma vez ouvi dizer que a Eucaristia é a cerimónia com mais rituais de todas as religiões que existem: alturas para estar de pé, sentado ou de joelhos; alturas para falar e outras para ouvir; bençãos, preces, cumprimentos... enfim... um manancial de rituais.

Porém, com toda esta proliferação de rituais numa única cerimónia, existe lugar para os erros sistemáticos que foram herdados (por imitação) de outras pessoas que também não sabiam o que estavam a fazer. Eis alguns exemplos:

  • Na altura em que o Celebrante diz "Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo...", antes da leitura do evangelho, não se deve fazer o sinal da cruz, porque não é do sinal da cruz que se trata! Deve antes fazer-se três cruzes: uma na testa (com o significado de abrir o entendimento para a Palavra de Deus), outra na boca (com o significado de transmitir o que se ouviu de acordo com os preceitos divinos) e finalmente outra no peito (com o significado de abrir o coração para o Evangelho). A cruz final não se faz!


  • Na altura em que o Celebrante diz "Santificai estes dons derramando sobre eles o Vosso Espírito", na altura da consagração do pão e do vinho, as pessoas só devem ajoelhar-se quando o padre impõe as mãos sobre o pão e o vinho. Nunca antes e nunca depois!


  • Na altura do Pai Nosso, existe uma confusão com a palavra céu. Nomeadamente, se é singular ou plural. Bem... ela é utilizada das duas formas. A versão correcta é: "Pai Nosso que estais nos céus [...] seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu".


  • Muitas pessoas confundem os avisos finais com o toque de saída. Convém saber que só assistiram verdadeiramente à missa se ouviram o padre proferir as palavras "Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe". Se o padre perder 2 minutos em avisos numa celebração que dura em média 45 minutos, isto corresponde a uma poupança de tempo de 4%. Será que compensa? Penso que não.

A Eucaristia deve ser bem vivida!

Desculpem... é a minha veia de ex-catequista que falou mais alto, hoje.

4 comentários:

Borboleta disse...

este poste está LINDO! ainda há dias pensei nisto :) não vou há missa regularmente, mas fui no sábado e reparei em muitas destas peculiariedades. e há outra coisa, que se calhar não se passa na tua paróquia - os fiéis participam pouquíssimo, mesmo quando isso não lhes custa nada. porque é que ninguém ou quase ninguém canta? e porque é que quem canta o faz como se estivesse a ser obrigado? cantar durante a Eucaristia é um sinal de devoção e de alegria por participar no ritual... não é um castigo!

Vítor Carvalho disse...

Ora ora!
Uma vez fui a Lisboa e durante o fim-de-semana fui à missa numa das igrejas que há ao pé do Marquês...
Foi a missa mais esquisita a que assisti até hoje!
Para além da igreja cheirar a anti-traça misturado com "Lavanda"... o que é normal... haviam cinco ou seis velhotas com mais de setenta anos que consistiam no total da audiência, sendo que uma delas se passeava aleatoriamente pelo recinto eucarístico, com atitudes que eu classificaria de "insanas"...

Gimli disse...

"haviam cinco ou seis velhotas com mais de setenta anos que consistiam no total da audiência"
Parto do principio que és uma velhota com mais de setenta, tu, artista? ;)

Vítor Carvalho disse...

Quando eu me referia a cinco ou seis velhotas como sendo o total da audiência estava a colocar-me a mim (e à minha namorada, já agora), numa esfera superior, como se fôssemos observadores passivos daquela pitoresca realidade alfacinha... de facto foi como nos sentimos naquele momento...

Ou isso, ou...

"Eu era uma rapariga de 15 anos e estava no meu quarto a saltar à corda quando me transformei-me num homem de trinta e oito anos. E até me lembro de dizer: Olha... ainda há bocado era uma rapariga de 15 anos e agora sou um homem de 30 e tal... mas não liguei... continuei a saltar à corda"
Gato Fedorento

Façam as devidas adaptações, substituindo a rapariga de 15 anos por um rapaz à volta dos trintas e o homem de trinta e tal por uma velhota de 70 anos.

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