Vamos inverter a ordem de uma refeição? Vamos lá...
Começo este post com uma deliciosa sobremesa. Uma frase doce proferida pela (ainda) Ministra da Educação, Maria de Lurdes:
«Tenho de reconhecer que a forma como estávamos a concretizar a dimensão relativa aos resultados escolares não era confortável, nem razoável, mas excessiva, desajustada e com erros técnicos», disse Maria de Lurdes Rodrigues, esta quinta-feira [2008/11/20], em entrevista à RTP. [Fonte: TSF Online]
Maria de Lurdes, para chegar a esta brilhante conclusão, teve de passar por duas manifestações com mais de 100.000 docentes, críticas por parte de várias personalidades da sociedade (entre as quais, alguns militantes do PS), movimentos de professores, sindicatos e apelos do Presidente da República.
E qual a solução que Maria de Lurdes e o Conselho de Ministros encontra? Simplificar o actual modelo de avaliação. Permitam-me invocar um livro com cerca de dois mil anos - o Novo Testamento - para ler o versículo 17, capítulo 9, do Evangelho segundo S. Mateus: "Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.".
Por falar em vinho, temos de falar agora do prato principal: que tal um arrozinho de feijão com Ministra panada? Os alunos, num protesto da semana passada, atiraram ovos à Ministra. Como observa Ricardo Araújo Pereira na sua crónica da Revista Visão, a Ministra atendeu logo às reivindicações dos estudantes, fazendo parecer que os ovos conseguem atingir mais depressa os objectivos do que as manifestações ordeiras, mesmo que compostas por mais de 100.000 manifestantes. Para termos Ministra panada, só faltam mesmo a farinha e o azeite ou óleo a ferver. Deixo o resto à vossa imaginação.
A Ministra continua a dar sopa aos Professores. Mas, perante o que disse ontem à RTP, o único caminho razoável seria mesmo a demissão.
Um blog de Vítor Carvalho.
Algumas reflexões sobre acessibilidade, usabilidade e design para a Web, ideias, desabafos, viagens, humor, crítica e fotografias...
sexta-feira, novembro 21, 2008
sexta-feira, novembro 07, 2008
Copyright
Para os mais distraídos, todos os conteúdos do meu blog (passados, presentes e futuros) estão sob uma licença da Creative Commons, mais concretamente, uma licença do tipo Atribuição – Uso Não-Comercial – Proibição de Realização de Obras Derivadas (by-nc-nd) que diz isto:
Permitida apenas a redistribuição. Mediante adopção desta licença, não só não é permitida a realização de um uso comercial, como é inviabilizada a realização de obras derivadas. É também essencial que seja dado o devido crédito ao autor da obra original.
quinta-feira, novembro 06, 2008
Manifestação de Professores - 8 de Novembro
Vivemos hoje numa era que ainda se adapta ao aparecimento da Internet. Embora desde muito cedo "todos" se apercebessem das potencialidades desta invenção, só muito recentemente começámos a sentir a sua verdadeira influência. Os Blog's são um bom exemplo disso. Sem eles, seria difícil que eu próprio tivesse até este momento 16.600 leituras dos meus textos. Os Blog's servem de pontes entre as pessoas. Revelam um pouco da nossa alma... ou pelo menos daquilo que queremos fazer transparecer. Servem também para encontrarmos ideias em comum. E foi isso que permitiu, por exemplo, que milhares de professores partilhassem o seu desalento com as políticas do Ministério da Educação liderado por Maria de Lurdes Rodrigues. Foram até mais longe. Sentindo que não eram os únicos, alguns criaram os chamados Movimentos de Professores: apartidários e assindicais. Mas apartidários porquê? Mas assindicais porquê? Porque os factos contam que existem outros interesses por detrás de partidos e sindicatos. Porque, se calhar, no princípio deste século XXI, já não são precisos partidos ou sindicatos para que algumas minorias se façam ouvir... graças à Internet. E daí, talvez resulte um protesto mais "puro". Talvez resultem reivindicações mais legítimas, sem os grilhões dos acordos sindicais ou partidários com cláusulas duvidosas. Não quero com isto dizer que os partidos ou os sindicatos devam acabar. Apenas sugiro que neste contexto os partidos e os sindicatos devem pensar a sua forma de agir. Devem fazer com que o seu móbil seja menos egoísta: porque as minorias têm voz, fazem-se ouvir e influenciam as opiniões de muitos... graças à Internet.
Tudo isto para dizer que está marcada uma manifestação de Professores para o dia 8 de Novembro de 2008 em Lisboa. Não dos Sindicatos mas dos Professores e dos Sindicatos de Professores. Se houve alturas em que defendi a Greve de Professores e pedi que fossem Todos a Lisboa, hoje defendo a Manifestação de Professores. Porque alguém próximo de mim é Professor e sei muito bem o que essa pessoa passa para "tentar" cumprir todas as insanidades ditadas por este Ministério da Educação. E digo "tentar" porque é mesmo difícil cumprir todas as insanidades sem se ficar também insano. Soube-se há pouco tempo que na altura em que mais de 100.000 professores saíram à rua, Maria de Lurdes Rodrigues chegou a pedir a demissão a José Sócrates. Ele não deu. Seria interessante que no dia 8 de Novembro de 2008 toda a classe dos Professores estivesse em Lisboa a lutar pelos seus interesses. Talvez nessa altura e com a proximidade das eleições, o governo ouvisse essa classe profissional e atendesse aos seus desígnios sem se abrigar no escudo gasto da maioria absoluta. Esse alguém próximo de mim nunca foi a uma manifestação de rua... mas desta vez vai. O que é demais é demais e isto é demais.
Tenho escrito Professor com letra maiúscula no início, em sinal de respeito por esta classe profissional. Respeito esse que nem o Ministério da Educação nem este governo têm demonstrado.
Tudo isto para dizer que está marcada uma manifestação de Professores para o dia 8 de Novembro de 2008 em Lisboa. Não dos Sindicatos mas dos Professores e dos Sindicatos de Professores. Se houve alturas em que defendi a Greve de Professores e pedi que fossem Todos a Lisboa, hoje defendo a Manifestação de Professores. Porque alguém próximo de mim é Professor e sei muito bem o que essa pessoa passa para "tentar" cumprir todas as insanidades ditadas por este Ministério da Educação. E digo "tentar" porque é mesmo difícil cumprir todas as insanidades sem se ficar também insano. Soube-se há pouco tempo que na altura em que mais de 100.000 professores saíram à rua, Maria de Lurdes Rodrigues chegou a pedir a demissão a José Sócrates. Ele não deu. Seria interessante que no dia 8 de Novembro de 2008 toda a classe dos Professores estivesse em Lisboa a lutar pelos seus interesses. Talvez nessa altura e com a proximidade das eleições, o governo ouvisse essa classe profissional e atendesse aos seus desígnios sem se abrigar no escudo gasto da maioria absoluta. Esse alguém próximo de mim nunca foi a uma manifestação de rua... mas desta vez vai. O que é demais é demais e isto é demais.
Tenho escrito Professor com letra maiúscula no início, em sinal de respeito por esta classe profissional. Respeito esse que nem o Ministério da Educação nem este governo têm demonstrado.
quarta-feira, novembro 05, 2008
E esta, hein?
Seria a frase que provavelmente o nosso saudoso Fernando Pessa proferiria ante a vitória do democrata Barack Obama na eleição para presidente dos Estados Unidos da América.
Eu próprio estava bastante reticente em relação à vitória de Obama, porque recordava-me do que tinha acontecido com Al Gore. Nem sempre os melhores ganham. Mas desta vez foi diferente!
Eis as primeiras palavras do discurso da vitória proferido por Obama:
Olá, Chicago.
Se há por aí alguém que ainda duvida que a América é um sítio onde todas as coisas são possíveis, que ainda pergunta se os sonhos dos nossos fundadores estão vivos nos tempos que correm, que ainda se interroga sobre o poder da nossa democracia, a noite de hoje é a vossa resposta. (*)
Eu cheguei a duvidar. Hoje, perante as evidências, não posso mais duvidar. Espero agora que Obama corresponda às minhas espectativas, porque, para o bem e para o mal, o destino da América está indiscutivelmente ligado ao destino do resto do mundo.
Mais um excerto do discurso que me marcou:
Àqueles que pretendem destroçar o mundo: Nós iremos vencer-vos. Àqueles que procuram paz e segurança: Nós apoiamo-vos. E para todos aqueles que questionavam se o farol da América ainda arde com a mesma intensidade: Esta noite nós provámos mais uma vez que a verdadeira força da nossa nação não vem da potência das nossas armas ou de quanto somos ricos, mas antes do poder inabalável dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e esperança sem limites. (*)
Parabéns a Obama pela vitória e parabéns ao povo americano por ainda acreditar no american dream.
(*) Os excertos do discurso foram traduzidos por mim a partir da transcrição disponível em: CNN - Transcript: 'This is your victory,' says Obama
Eu próprio estava bastante reticente em relação à vitória de Obama, porque recordava-me do que tinha acontecido com Al Gore. Nem sempre os melhores ganham. Mas desta vez foi diferente!
Eis as primeiras palavras do discurso da vitória proferido por Obama:
Olá, Chicago.
Se há por aí alguém que ainda duvida que a América é um sítio onde todas as coisas são possíveis, que ainda pergunta se os sonhos dos nossos fundadores estão vivos nos tempos que correm, que ainda se interroga sobre o poder da nossa democracia, a noite de hoje é a vossa resposta. (*)
Eu cheguei a duvidar. Hoje, perante as evidências, não posso mais duvidar. Espero agora que Obama corresponda às minhas espectativas, porque, para o bem e para o mal, o destino da América está indiscutivelmente ligado ao destino do resto do mundo.
Mais um excerto do discurso que me marcou:
Àqueles que pretendem destroçar o mundo: Nós iremos vencer-vos. Àqueles que procuram paz e segurança: Nós apoiamo-vos. E para todos aqueles que questionavam se o farol da América ainda arde com a mesma intensidade: Esta noite nós provámos mais uma vez que a verdadeira força da nossa nação não vem da potência das nossas armas ou de quanto somos ricos, mas antes do poder inabalável dos nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e esperança sem limites. (*)
Parabéns a Obama pela vitória e parabéns ao povo americano por ainda acreditar no american dream.
(*) Os excertos do discurso foram traduzidos por mim a partir da transcrição disponível em: CNN - Transcript: 'This is your victory,' says Obama
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