Este estudo contou com a colaboração de 72 estudantes do 10º. ano de duas escolas da Noruega.
A versão impressa dos texto utilizava folhas A-4 e os ecrãs de computador eram do tipo LCD com tamanho de 1280x1024 pixeis. Os textos escolhidos tinham entre 1400 e 1600 palavras, com ilustrações pelo meio e eram escritos a preto em Times New Roman a 14 pontos.
No capítulo introdutório, os autores constatam que o paradigma da leitura, principalmente para as pessoas mais novas, está mudar para o ecrã em detrimento do papel.
Por outro lado, citando DeStefano e LeFevre (2007), apontam que a estrutura de hipertexto tende a aumentar as necessidades cognitivas no que diz respeito às tomadas de decisão e processamento visual. Esta carga cognitiva adicional prejudica o desempenho ao nível da compreensão da leitura.
Wästlung et al (2005), nas suas investigações, constatam que o desempenho na escrita e na compreensão da escrita é inferior num ambiente computorizado quando comparado com o papel. Adicionalmente, os sujeitos que faziam a sua leitura num computador reportaram níveis mais elevados de stress e cansaço do que os que faziam a leitura em papel. Concluíram assim que ler e trabalhar com um computador resulta numa maior carga cognitiva comparativamente com o papel.
Uma implicação importante prende-se com a memória. Sabe-se que memória recordatória tende mais a desvanecer com o tempo do que a memória baseada no conhecimento. Sabe-se também que a memória baseada no conhecimento é um indicativo de melhor aprendizagem. Noyes e Garland (2003) estudaram a compreensão qualitativa e concluíram que esta depende do meio utilizado. As frequências da memória recordatória duplicavam comparativamente com a memória baseada no conhecimento para o grupo utilizador de ecrãs de computador ao passo que o grupo utilizador de papel registava frequências similares entre os dois tipos de memória. Os autores concluíram que "as características dos ecrãs de computador (taxa de refrescamento, altos níveis de contraste e flutuação da luminância) interferem com o processamento cognitivo da memória de longa duração".
Num estudo posterior, Garland e Noyes (2004) chegam à seguinte conclusão: "a transferência de conhecimento foi mais rápida nos sujeitos que aprendiam através de material impresso, sugerindo menos interferências no processo de esquematização e, assim, o conhecimento tende a ser melhor assimilado e mais rapidamente recuperado quando se utiliza o formato papel".
Num estudo envolvendo crianças, Kerr e Symons (2006) concluem que estas liam os textos mais lentamente em computadores do que em papel e recordavam-se de mais informação acerca do que tinham lido no computador do que em papel. Contudo, as crianças eram mais eficientes a compreender os textos quando os liam em papel. Estas descobertas sugerem que "quando é dado tempo suficiente, as crianças podem ser capazes de compreender iguais quantidades de informação em computador ou em papel. Quando se limita o tempo de leitura, a compreensão torna-se menos eficiente em computador".
Johnson e Nádas (2009) fizeram estudos com professores na tarefa de avaliação e concluem que a compreensão destes era mais desafiada quando liam em ecrã do que quando liam em papel.
Relativamente às discussões, este estudo aponta para as seguintes diferenças entre os sujeitos que leram em papel e os sujeitos que leram em ecrã:
- Os sujeitos que leram textos em papel tiveram um desempenho significativamente melhor;
- Os sujeitos que leram textos em papel tiveram significativamente maior pontuação em testes de compreensão.
Outro problema de navegação diz respeito à forma como se tem acesso a todo o texto. A evidência sugere que os leitores recordam-se onde uma parte do texto apareceu (ex.: perto do canto superior ou no fundo da página). Sabe-se também empiricamente e através de investigação teórica que ter uma boa representação mental espacial do layout físico do texto ajuda à compreensão da leitura. Assim, o caráter fixo do texto impresso em papel ajuda à construção da representação espacial do texto por parte do leitor, proporcionando pistas inequívocas e fixas para a memorização e recordação do texto. Por contraste, os que leem em ecrãs de computadores estão restringidos a verem (e sentirem) apenas uma página de texto em qualquer altura da sua leitura. Portanto, a sua visão sobre a organização, estrutura e fluxo do texto pode ser dificultada pelo acesso limitado a todo o texto.
Ackerman e Goldsmith (2011) fazem uma conclusão interessante. As pessoas tendem a perceber o meio impresso como mais adequado para a aprendizagem empenhada e o meio digital (neste caso, o computador) como mais adequado para uma leitura rápida e superficial de textos curtos como notícias, correio eletrónico, fóruns, etc.
A explicação da diferença entre ler em computador e ler em papel pode estar relacionado com as diferenças de luminosidade entre as duas modalidades. Os ecrãs de computador do tipo LCD causam fadiga visual pelo facto de emitirem luz. Por contraste, a tecnologia dos e-books, baseada em tinta eletrónica, utilizada pelos Kindle e Kobo, apenas reflete a luz ambiente, sendo, portanto, mais amiga dos leitores.
Podem ler o artigo completo em Reading linear texts on paper versus computer screen: Effects on reading comprehension
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