quarta-feira, setembro 01, 2010

Freixo de Espada à Cinta

Qual a terra que fervilhou mais no meu imaginário desde miúdo? Sem dúvida que foi Freixo de Espada à Cinta. As razões? Quando queria dizer que algo ficava muito longe, num local remoto, vinha-me logo à ideia frases como "Isso fica mais longe que Freixo de Espada à Cinta"! Depois, o próprio nome da localidade é bastante enigmático.

Foi, portanto, com alguma comoção que me vi a visitar esta pacata localidade.

A origem da Vila de Freixo de Espada à Cinta perde-se nas brumas dos tempos, estando a sua fundação e toponímia encobertas pela neblina que sempre envolvem as lendas. Todavia, vários historiadores afirmam que os Narbassos, povo ibérico pré-romano mencionado por Ptolomeu, habitavam toda esta zona da Península, pressupondo-se assim a existência desta povoação anterior à fundação do Reino de Portugal.

A 27 de Março de 1248 D. Afonso III confirmou o foral outorgado pelo nosso primeiro monarca e todos os privilégios da vila, concedendo-lhe ele próprio um novo diploma foralengo em 20 de Janeiro de 1273.

Freixo é uma vila cheia de História podendo ser usufruída pelo visitante com enorme satisfação, que ao percorrer as suas ruas cheias de portadas e janelas manuelinas, as antigas muralhas e torre ainda medievais, ao visitar a Igreja, ao passear pela Encruzilhada, pela Rua das Flores, pelo Vale, pelo Castanheiro ou pelo Outeiro, desfrutará com certeza de um prazer sem comparação.

A igreja matriz é bastante grande, rectangular, com abside quadrangular e dois absidíolos, um de cada lado, gigantes góticos em três andares e contrafortes nos ângulos da fachada que deixam entrever os cinco tramos em que se divide a nave. As frestas entre os contrafortes rematam em arco redondo, tendo as gárgulas a forma de canhão e os remates em pináculos quadrangulares tão característicos dos meados do séc. XVI.


A Torre do Galo é um monumento nacional. Em granito, facetada e heptagonal é hoje em dia um único e impressionante testemunho do extinto castelo medieval. Segundo Frei Viterbo esta torre foi mandada fazer por D. Fernando I cerca de 1376, uma vez que por ordem expressa deste monarca, nas terras onde não havia paços régios (caso de Freixo), para instalação dos reis quando as visitassem, foram mandados construir os "apartamentos de alcácere" que aqui foram esta torre e o seu belo salão ogival e que durante séculos serviram de residência ao alcaide ou ao governador do castelo.


Também visitámos o museu instalado na Casa da Cadeia, que é quinhentista e serviu como prisão Municipal. Foi feita a sua total recuperação para nela se situar um pólo museológico dividido por 4 salas: "Breve história geológica", "A cultura dos berrões" (denominados por “berrões” ou “verracos”, são representações escultóricas, normalmente em granito, de porcos, javalis, touros, carneiros e talvez ursos), "Dos forais ao município" e "A evolução do mundo agrário".

Perto da Torre do Galo, a minha esposa chamou-me a atenção para o verdadeiro freixo de espada à cinta.


Embora os principais monumentos estejam bem conservados, a localidade propriamente dita está um tanto ou quanto degradada, existindo bastantes casas devolutas.

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