O "jamais" do título deve ser pronunciado como "já-mé", ao estilo françuguês.
Que alívio! Tinha prometido aos meus amigos que cometeria uma coisa mázinha contra mim mesmo se Sócrates vencesse novamente com maioria absoluta. As maiorias absolutas são um pseudo-contra-senso dentro da democracia quando mal utilizadas (que foi mais ou menos o que aconteceu nos últimos anos).
O PSD não teve uma líder carismática à altura de Sócrates e o seu discurso não reflectiu as verdadeiras preocupações dos portugueses. Como tal, ganharam os partidos que ressaltaram de uma forma ou de outra os pontos fulcrais da má governação de Sócrates, apresentando de forma clara as alternativas que defendem. Falo, claro está, do CDS-PP e do Bloco de Esquerda. São partidos pequenos mas que têm crescido muito à custa do trabalho de casa bem feito.
A CDU continua a "conseguir fazer bastantes omeletes com poucos ovos" (Marcelo Rebelo de Sousa dixit). Esta frase retrata, na sua essência, a forma como um partido que, tendo ficado em último lugar no rol de partidos com assento parlamentar consegue, mesmo assim, aumentar o número de votantes e o número de deputados.
Os próximos tempos não serão fáceis para Sócrates e para a sua equipa. As contas da estabilidades são complexas: governos maioritários com o PSD (reavivando o bloco central), com o CDS-PP (duas personalidades bastante fortes e difíceis de conjugar) ou com os dois partidos de esquerda juntos (tendo de aguentar com o ódio visceral entre o Bloco de Esquerda e a CDU). Será que Sócrates tem uma faceta diplomata que ainda não revelou ou vai continuar igual a si próprio? Só o futuro o dirá.
Espero que não seja Portugal a pagar a factura do desentendimento entre os partidos. É nesta altura que todos eles deverão pensar mais no futuro e deixarem de olhar para os seus próprios umbigos.
Um blog de Vítor Carvalho.
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2 comentários:
Desculpa, mas não podia discordar mais contigo.
O que o pais quer é maiorias absolutas. O que o pais quer é ir para ALGUM lado, em vez de estar encravado em orçamentos de estado que não se aprovam e queijos limianos.
É bonito querer evitar a maioria absoluta e potenciar o "dialogo entres os partidos", mas é uma grande tanga. Até ao dia de hoje não viste um unico lider partidário dizer "Ali a medida do meu colega do outro partido foi uma bela medida, muito bom trabalho".
Já agora Inglaterra, que tem uma democracia bastante mais antiga que a nossa, não tem tangas de maiorias relativas. Quem ganha ganha, ponto final. E é assim que tem que ser.
Restam-nos 2 anos de marasmo por parte do governo, para depois cair e voltarmos a pagar o preço de andarmos a brincar à politica.
Se a maioria absoluta for sinónimo de autismo perante a sociedade... "jamais".
Cheira-me então que para a mentalidade do povo português, mais valia voltarmos ao fascismo, onde um manda e os outros obedecem, sem contestações?
Quem anda a brincar à política são os próprios políticos. Volto a referir que política com responsabilidade é política em prol do país e não em prol de contingências partidárias. Mas se calhar é um pensamento demasiado utópico para algumas mentes tacanhas.
Uma coisa é certa. Um governo absoluto como o que tivemos durante estes quatro anos é que "jamais".
O povo pronunciou-se e ditou as regras do jogo. Cabe agora aos partidos desenvolverem o seu trabalho no horizonte democrático escolhido.
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