Um blog de Vítor Carvalho.
Algumas reflexões sobre acessibilidade, usabilidade e design para a Web, ideias, desabafos, viagens, humor, crítica e fotografias...
terça-feira, novembro 21, 2006
Amor na Lota do Peixe - Capítulo VIII
Quais cães explusos de uma confeitaria fina, todos saíram para a rua. Uma vez em domínios camarários e, por conseguinte, públicos, o povo de Vila Marmota e o recém-chegado extraterrestre, puderam continuar as suas vicissitudes.
- Um extraterrestre! Aqui connosco! - comentou emocionado Zé Bigodes - Afinal não estamos sózinhos! Vocês sabem o que isto significa?
- Significa que estás daqui a bocado a apanhar com uma sardinha no focinho, se não te calarares com esse paleio! - ameaçou Francisco Panças.
- Sim... sou um extraterrestre! E falo português! - disse o ex-louro.
- Engraçado! Pensei que os extraterrestres só falassem inglês! - disse dona Emília Genoveva Cerqueira de Castro Gumercinda de Miranda.
- Mentira! - corrigiu o ex-louro - A sociedade consumista norte-americana e, mais concretamente, a indústria cinematográfica, é que fez passar essa ideia às massas! De facto, posso garantir-vos que a maior parte dos extraterrestres tira nega a inglês! Gostamos mais da língua do vosso jardim à beira-mar plantado!
- Sim... pois... o que é que o senhor extraterrestre nos quer pedir? Só assim se consegue explicar esses salamaleques todos que você está a ter para connosco! - observou Olívia Manca.
- Muito perspicaz, menina Olívia Manca! De facto, eu gostava que todo o povo de Vila Marmota me acompanhasse até à lota do peixe! Preciso de fazer uma revelação muito importante!
- O mundo vai acabar? - perguntou Joselino Narigangas.
- Você vai acabar com o mundo? - perguntou Francisco Panças.
- Acompanhai-me e ficareis a saber! - respondeu o extraterrestre num tom intrigante.
As gentes de Vila Marmota percorreram as ruas estreitas que desaguavam na lota, hoje anormalmente deserta. As gaivotas, sobrevoando a área, pareciam adivinhar a impaciência e a tensão circundante. O extraterrestre colocou-se entre os caixotes de linguado, robalos e pescada, ficando rodeado pelo mar de gente logo de seguida.
- Eis pois que nos encontramos no local apropriado para a revelação que vou fazer.
- Que revelação é essa, extraterrestre?
O extraterrestre lançou um olhar que visava o infinito.
- Estou aqui por causa de Olívia Manca!
terça-feira, novembro 14, 2006
Vangelis e Jean Michel Jarre
No caso de Jean Michel Jarre, gosto principalmente dos seus primeiros trabalhos: "Oxygene" (1976) e "Equinoxe" (1978). De Vangelis, tenho ouvido fundamentalmente dois álbuns: "L' Apocalypse des Animaux" (1982) que serviu como banda sonora para um conjunto de filmes franceses sobre a vida selvagem e "1492 - The Conquest of Paradise" (1992) que é a banda sonora de um filme homónimo e, como estarão recordados, é também um dos meus filmes de culto.
Notam-se os experimentalismos e a procura de novos sons, espremendo as potencialidades dos instrumentos electrónicos, nestes dois artistas.
A música de Jean Michel Jarre cria ambientes siderais, mecanismos, exploração de outros planetas e civilizações alienígenas.
Vangelis, por outro lado, é muito mais orgânico. Mais do que ambientes, cria atmosferas... leva-nos à criação do mundo e à vida selvagem e tribal (em L' Apocalypse des Animaux), passando pelo desbravar do Novo Mundo e de novos povos (em 1492 - The Conquest of Paradise), cria um futuro obscuro, poluído e cibernético (em Blade Runner) e finaliza mexendo com as minhas entranhas, na música visceral "12 O' Clock". Vangelis também foi o responsável pela música de uma série televisiva de Carl Sagan: "Cosmos". No primeiro episódio de "Cosmos" (que revejo bastantes vezes), a música "Heaven and Hell" acompanha magistralmente a visão do oceano.
O desafio que faço ao meu fiel leitor, é que saia dos estereótipos das músicas destes compositores ("Fourth Rendezvous" de Jean Michel Jarre ou "Chariots of Fire" de Vangelis) e aventure-se pelos temas menos conhecidos.
sábado, novembro 11, 2006
Um novo roteiro: Resende
"Era uma manhã calma de Março. Eu encontrava-me no peitoril da minha janela a ver o sol fazer o seu percurso rotineiro. Tal como ele, também eu tenho a minha rotina diária: levantar-me, lavar-me, vestir-me, comer e ir para o trabalho... mas naquele dia não! Era sábado! E ao sábado eu saio da rotina para ler, dar uns passeios à beira rio, ou então limitar-me a observar tudo o que passa à minha volta.
Resolvi tirar esse dia para visitar uma aldeia do interior. Fazer algo de diferente. O que eu queria era mudar.
Fiz uma pequena revisão ao carro e puz-me a caminho. O meu destino era Resende.
Meti-me na estrada para Entre-os-Rios e lá fui. O percurso total era de 100 quilómetros. A meio do caminho para Entre-os-Rios, parei para tomar o pequeno-almoço num café de beira de estrada. Eram nove horas da manhã e eu não gosto de guiar de estômago vazio.
Lá voltei a seguir viagem. Respirava o ar que, pela primeira vez em anos, se mostrou de uma frescura relaxante. Observava também a paisagem circundante em busca de coisas simples que, afinal, são as mais belas. Para além do canto dos pássaros, encontrei serpenteando por entre as encostas das montanhas, o Rio Douro. Ora azul, ora dourado, o rio apresentava-se com uma beleza ímpar. As igrejas e as pontes românicas despontavam aqui e ali. Os campos verdejantes escorriam desde o cume da montanha até à berma da estrada.
Por fim, cheguei a Entre-os-Rios. Antes de entrar na ponte, parei o carro e fui comprar umas rosquinhas que uma velha senhora vendia:
- Por favor, minha senhora, queria umas rosquinhas...
- Sim, sim! Quanto quer levar?
- Faça-me um quarto de quilo, sim?
- Muito bem... tome! São fresquinhas!
- Obrigado!
Meti-me no carro e dirigi-me a Resende.
De Entre-os-Rios até Resende, podem ver-se casas do século passado e locais em que o tempo parece ter parado há cem anos atrás: continuam a recorrer às tecnicas tradicionais de agricultura, os caminhos são feitos para carros-de-bois e as pessoas levam uma vida despreocupada.
Observei os pedreiros no meio do granito, a fracturá-lo em pequenos ou grandes bocados.
O rio Douro acompanhou-me sempre lá do fundo.
A estrada era agora quase sempre aos zês, pois haviam muitas tabuletas a avisar-nos para abrandarmos a marcha e avançarmos cautelosamente. Faltava-me pouco mais de cinco quilómetros para chegar a Caldas de Aregos. Eu estava "em pulgas" para chegar ao meu destino. Em Caldas de Aregos tornei a sair do carro para beber alguma coisa num café com pouco mais de cinco mesas. Caldas de Aregos é muito conhecida pelas termas que lá existem.
Próxima paragem: Resende. Felizmente para mim, de Caldas de Aregos a Resende são uns escassos dez quilómetros.
Quando lá cheguei, fiquei espantado com a simplicidade do lugar. Uma rua principal ramificava-se em ruas mais estreitas de onde nasciam casas mais ou menos novas. Uns tantos cafés, talhos, padarias, restaurantes e está uma vila feita! Parei o carro, saí e fui dar umas voltas pela povoação.
Um belo jardim muito limpo e florido, dava toda a sua beleza a quem por lá passasse e se sentasse à procura de descanço. Depois, virei a minha atenção para um lindo coreto. Por momentos, imaginei a banda a tocar.
Depois do almoço, parei no café "Cova Funda", para comprar as especialidades de Resende: as Cavacas e a Bola de Carne.
Segui depois em direcção ao Penedo de S. João. Daí, pode disfrutar-se de uma visão completa de Resende, Cinfães e de outras terras vizinhas.
O caminho de regresso não foi menos agradável. O pôr-do-sol empresta um tom bucólico às paisagens do douro vinhateiro.
Não hesito em recomendar este roteiro. Estou certo que cada um o apreciará à sua maneira"...
As viagens até Resende são das lembranças mais marcantes da minha infância: pelo encontro com os meus avós maternos, pela paisagem imensamente diferente daquela que me circundava no dia-a-dia e, pelos terríveis enjôos durante a viagem. As fotografias que acompanham esta narrativa têm, no máximo, três anos... reflectem o fascínio que ainda hoje sinto quando vou a Resende.
sexta-feira, novembro 10, 2006
Blade Runner
- Alien - O Oitavo Passageiro (Ridley Scott)
- 1492 - A Conquista do Paraíso (Ridley Scott)
- O Nome da Rosa (Jean Jacques Annaud)
- A Guerra do Fogo (Jean Jacques Annaud)
- Gladiador (Ridley Scott)
- Blade Runner (Ridley Scott)
Fica agora a faltar "As Misteriosas Cidades do Ouro" e, possivelmente, "Conan - O Rapaz do Futuro", duas séries de animação que gostei particularmente nos meus verdes anos. A primeira, ainda não existe em Portugal... a segunda, ainda está muito cara: as duas caixas custam cerca de €66.
Na semana passada, ficou disponível na FNAC, a um preço interessante, o DVD "Blade Runner".
Trata-se de um filme de ficção científica, realizado por Ridley Scott, em que se conta a estória de um Blade Runner (agente especializado no extermínio de robôs humanóides denominados Replicantes) chamado Deckard (Harrison Ford). Ele terá que encontrar e exterminar quatro Replicantes que desviaram uma nave espacial e voltaram à terra para encontrarem o seu criador.
O filme, produzido em 1982, consegue transmitir uma espécie de atmosfera futurista decadente: muita poluição, ambientes sombrios, proliferação de criaturas geneticamente modificadas. É um filme que vale a pena ver pela estética visual, pelos pormenores de realização e pela música magistral de Vangelis.
Aconselho também a que vejam o filme mais do que uma vez, porque irão com toda a certeza perceber melhor todo o enredo e algumas subtilezas aparentemente ocultas.
quinta-feira, novembro 09, 2006
Ponte de Lima
A mais antiga vila de Portugal está a ser cuidadosamente preservada, com obras de requalificação merecedoras de uma atenta visita. O único senão que encontro nesta vila é o areal junto da ponte, utilizado como parque automóvel, desvirtuando o conjunto que se observa do outro lado do Lethes, o rio ancestral do esquecimento, mais conhecido por rio Lima.
A Ponte sobre o Rio Lima, é "formada por dois troços distintos, um romano e outro medieval. O séc. I é a altura mais provável da construção da Ponte Romana, visto por ela passar a via iniciada pelo Imperador Augusto. A Ponte Medieval de características góticas foi provavelmente concluída em 1370, integrando-se nas obras de fortificação da Vila mandadas fazer pelo Rei D. Pedro I, datando o calcetamento e a colocação dos merlões de 1504, por ordem de D. Manuel I, sendo originalmente flanqueada por duas torres demolidas na segunda metade do séc. XIX "por necessidades de tráfego" juntamente com grande parte do sistema defensivo urbado. A Ponte Romana, de configuração muito simples, apresenta um tabuleiro rampante assente sobre sete arcos de volta interia, sendo dois mais recentes, dispostos irregularmente e de diferentes vãos, encontrando-se um deles encoberto pelo maciço onde assenta a Igreja de Santo António e onde encosta o embasamento da Torre Velha, que separava as pontes. Dois dos dezassete arcos quebrados da Ponte Gótica, encontram-se soterrados pelos arranjos urbanísticos da Praça de Camões e um outro foi destruído na defesa da Vila contra o exército de Napoleão em 1809. Destacam-se os talhamares de forma prismática, encimados por olhais também de arco quebrado e no centro um cruzeiro armoriado que delimitava as dioceses de Braga e Tui".
Atravessando a ponte vindos da vila, deparámo-nos com os Jardins Municipais onde, todos os anos pelo verão, realiza-se o Festival dos Jardins, onde se podem ver vários jardins temáticos. Mesmo fora de época, os Jardins Municipais merecem uma visita, pela calma que proporcionam e pelas belezas naturais que despontam aqui e ali, de que são exemplos esta flor...
E os nenúfares junto à estufa...
Como podem ver, não são só o Arroz de Sarrabulho ou os Rojões à Minhota que vos esperam nestas paragens de Portugal.
terça-feira, novembro 07, 2006
Gil Eannes
Ancorado no porto de mar, estava o imponente Gil Eannes (um antigo navio hospital), agora convertido em museu.
Eis o que se diz sobre este navio:
"O Navio Hospital Gil Eannes, foi projectado e construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo em 1955. É nesse ano que tem início a sua missão de assistência médica aos pescadores de toda a frota bacalhoeira portuguesa e de outros países, nos mares da Terra Nova e Gronelândia. No entanto, este navio não desempenhou unicamente a função de hospital, também foi navio capitania, navio correio, navio rebocador e quebra-gelos e garantiu abastecimento de mantimentos, redes, material de pesca, combustível, água e isco aos barcos da pesca do bacalhau. A partir de 1963 sofre alterações na sua missão e passa a fazer viagens de comércio como navio frigorífico e de passageiros entre as campanhas de pesca, efectuando a sua última viagem à Terra Nova em 1973, ano que também fez uma viagem diplomática ao Brasil como embaixador de Portugal. Após aquela data, o Gil deixa de "ser útil" e vai sendo empurrado, de cais do porto de Lisboa, até ser vendido a um sucateiro para abate em 1997. Perante este inglorioso destino do emblemático navio-hospital, a comunidade vianense é mobilizada para o trazer à terra onde nascera, resgatando-o à sucata para ser exposto no porto de mar de Viana do Castelo como memória do passado marítimo da cidade. Hoje é propriedade da Fundação Gil Eannes que reúne várias entidades vianenses. Encontra-se aberto ao público desde Agosto de 1998. Características principais: Comprimento: 98,45 m/Largura máxima: 13,7 m."
Audiolivro - Poemas de Luiz Vaz de Camões (Português Europeu - Portugal)
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Quem for da minha geração, com certeza vai lembrar-se disto! Longe vai o tempo em que a Nestlé tinha outra mascote para o seu produto ...